Estive pensando...


Hoje eu me senti inspirada...
Inspirada no sentido da vida, e de nossa incansável busca pela felicidade que parece nunca aparecer, porque tudo é mais importante que a nossa própria felicidade.

Quem sabe uma historinha não defina melhor o que quero de fato expressar...


"Hoje, eu vou encontrar a felicidade" - disse a criança, saindo de casa com apenas uma trouxa de roupas enroscada em um cabo de vassoura velho e um coração aberto para novas aventuras. 
Esta criança então, deixando o conforto do seu lar, caminha rumo ao desconhecido, porque onde vivia não se sentia feliz.
Enquanto caminhava, o ombro começara doer diante o cabo com a trouxa apoiado parecia começar a pesar...
Parou para descansar numa ponte de pedras claras, frente um belo riacho de água pura e cristalina, ambas as bordas do riacho tinham como decoração um canteiro de flores brancas e amarelas que se estendia até o horizonte, com esplêndida beleza a combinar com o céu que por sorte estava azul, com suas lindas nuvens de algodão.
A criança, admirando a bela paisagem, esqueceu-se por instantes o que procurava e sentiu-se feliz, mas logo alguém que por ali passava, perguntou - O que esta fazendo rapazinho?
-Estou procurando a felicidade!
-E já achou? - perguntou o viajante.
-Ainda não, parei apenas para descansar porque meus ombros doem de apoiar a trouxa de roupas.
-Tem certeza que não a encontrou? - respondeu o homem, e sem esperar pela resposta seguiu o seu caminho.
A criança não entendeu, então viu que precisava continuar se quisesse ser feliz. Levantou-se e apanhou suas coisas. Continuando seu curso, avistou uma enorme árvore frutífera que parecia ter mil anos, seus troncos eram grossos e abraçavam o chão com firmeza, "nem a mais forte tempestade a derrubaria" - pensou ele. Já que estava com fome, subiu nela, apanhou algumas frutas, e sentou-se numa das raízes que mais se parecia com um banco, e ali ficou por um tempo.
Reparou o quanto aquela parte da floresta era bonita, como as árvores cresciam formosas e resistentes, a brisa que passava por entre elas dava a sensação de ser acariciado pela natureza, e uma paz profunda invadia seu coraçãozinho.
Desta vez, uma senhora que por ali passava, perguntou - Ei  pequeno, que faz ai?
-Estou procurando a felicidade!
-E já achou?
-Ainda não... Parei um pouco para descansar numa linda ponte, e agora porque senti fome e essas frutas estavam com uma aparência muito apetitosa! Esta servida? - ofereceu a ela um fruto.
A senhora, com um sorriso bondoso aceitou a oferenda, e lhe agradeceu dando-lhe um afago na cabeça e um novo sorriso sutil e amoroso, e seguiu o seu caminho.
Depois de comer, a criança guardou mais algumas frutas na trouxa e continuou sua busca. A noite caiu e ela encontrou uma choupana onde vivia um casal de velhinhos que o acolheu com muito gosto.
-Muito obrigada, senhora - agradeceu ele, recebendo um prato de sopa quentinha.
-Disponha meu anjinho.... Mas o que você faz tão longe de casa? - perguntou a senhora.
-Estou procurando a felicidade!
-E já a encontrou?
-Ainda não... Encontrei apenas uma linda ponte e um riacho brilhante, depois uma porção de árvores magníficas e repletas de frutos deliciosos, e agora vocês que estão sendo tão bondosos.
A senhora sorriu, e depois de jantarem todos foram dormir. Na manhã seguinte ele agradeceu a hospedagem dando ao casal os frutos que havia guardado e seguiu sua viagem.
Esta criança foi crescendo, envelhecendo, e quando já era um ancião, encontrou um campo de flores coloridas, onde se deitou, cansado de andar. Estava frustrado porque ainda não havia encontrado a felicidade que tanto queria.
Então ele adormeceu... Despertou e ao seu lado havia um homem de branco com uma aparência branda e humilde, exalava uma paz impossível de se descrever, e tinha um sorriso confortante.
-O que aconteceu comigo? - perguntou o ancião ao senhor.
-Você morreu, meu amigo - respondeu ele com sutileza.
-Não posso morrer agora! Ainda não encontrei a felicidade que busco!!!
O senhor deu uma leve risada, e tocando o ombro do ancião, respondeu com ternura - Sim, meu amigo, você a encontrou de diversas formas ao longo de sua vida, mas nunca conseguiu enxergá-la.
-O que o senhor quer dizer? Se eu a tivesse encontrado, acho que saberia, não é? - respondeu o ancião com incerteza e desconfiança.
-Quando sentiu-se feliz na ponte, quando sentiu-se em paz entre as árvores frutíferas, quando sentiu-se acolhido e querido pelo casal na choupana, e entre tantas outras passagens meramente simples porém de grande valor... Foram tantos momentos felizes, tantos amigos feitos em sua caminhada em busca de algo que diariamente estava presente na sua vida.


Talvez não tenha captado a mensagem da história, mas essa é a verdade que acontece conosco... Buscamos sempre por algo a mais, sendo que o que precisamos esta bem diante de nós. O homem se cansa de procurar aquilo que ele já tem, mas falta-lhe perseverança para olhar dentro de si e enxergá-la.

Seríamos nós tão tolos a ponto de optarmos por olhar para nós mesmos como sendo a última opção, quando o deveríamos ter feito já no início da nossa jornada?

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